Título: Deus não olha cassaco sofrer
Autora: Ivoneide de Freitas
ISBN: 978-65-88905-02-9
Edição: 1ª
Dimensões: 14,0 x 21,0 cm
Páginas: 112
Gênero: História
Ano: 2023
O presente livro surge da pesquisa de pós-graduação da autora como parte do processo de conclusão do curso de pós-graduação em História pela Feclesc (UECE), intitulada “Ajuda ou Exploração? Análise crítica da construção do açude Arrojado Lisboa e a mão-de-obra utilizada”, defendida no ano 2000. Passados vinte e três anos a autora nos presenteia com este livro ao tornar pública sua pesquisa que tematiza a mão-de-obra do açude público de Banabuiú construído na década de 1950 pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS).
Os trabalhadores que “pegavam no pesado” ficaram conhecidos como “Cassacos”, um dos nomes para o gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), também conhecido como “timbu, saruê, sariguê micurê e mucura”, um animal generalista que vive em muitos habitats distintos, podendo apresentar comportamento predominantemente terrestre ou arbóreo.
A rotina desses trabalhadores era degradante e desumana. Para melhorar um pouco a alimentação, o funcionário pegava qualquer galinha que passeasse pela área. Como o cassaco de verdade gosta dos galináceos, seu nome passou a ser apelido dos trabalhadores braçais das estradas de rodagens e também dos açudes. Ganhando pouco, esses trabalhadores zombavam da própria sigla da repartição, DNOCS, afirmando entre risos: “Deus Não Olha Cassaco Sofrer”. E foi justamente esse ditado, popularizado por eles, que deu nome ao livro que se apresenta como possibilidade de releituras sobre os processos de legitimidade da História contada, que enaltece os “engenheiros do DNOCS” e pouco nos fala sobre os “Cassacos” e o cotidiano do trabalho nas obras públicas durante as secas.
Convém salientar, que os órgãos responsáveis pela instauração da “Indústria da Seca” no Nordeste brasileiro, via nos trabalhadores-cassacos uma forma de exploração dessas pessoas que, ao conseguir uma “ocupação” passavam a vivenciar um cotidiano longe de seus familiares, escassez de água, fome, além do serviço pesado e mal pagos com a comida. A exploração realizada com os “Cassacos” os tornava vulneráveis às doenças, acidentes de trabalho, péssimas condições nas obras e até mesmo na morte de muitos deles. Daí a expressão Deus Não Olha Cassaco Sofrer e uma certa “consciência” de sua vulnerabilidade social legitimada na ação daqueles que estavam à frente do DNOCS.
Antonio Simão Cavalcante
Historiador
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R$ 40,00Preço
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